“Quando digo na peça que não há repetição é a pura verdade. Há oito anos em cena com o espetáculo, cada dia é um dia, pois a platéia também nunca se repete. Cada novo olhar significa a possibilidade de um novo entendimento que se abre em mim, mantendo a síntese teatral viva. Então, um novo tom me surpreende, uma nova atitude minha, um novo desarmamento acontece. Palavra que Amir Haddad gosta tanto de usar e que expressa tão bem a relação que tenho tido com a plateia: estamos nos desarmando constantemente, pois o dia a dia tende a nos armar, ao invés de nos aproximar para nos amarmos mutuamente”. (Clarice Niskier)
Chegando aos 14 anos consecutivos em cartaz em 2020 – desde sua estreia em 2006 -, “A ALMA IMORAL”, de Clarice Niskier, em cartaz no Teatro Eva Herz em São Paulo, faz três únicas apresentações no Rio, no Teatro Petra Gold. A peça, que já ultrapassa a
marca dos 500.000 espectadores, vem se apresentado com êxito para as mais variadas plateias – desde apresentações intimistas em pequenas salas até sessões ao ar livre para plateias com mais de 1.000 pessoas, como na Virada Cultural de São Paulo, em 2012.
O texto da peça é uma adaptação de Clarice Niskier para o teatro, a partir do livro homônimo do rabino Nilton Bonder. A supervisão da montagem é de Amir Haddad. A atriz adaptou o texto com “o objetivo de mobilizar o pensamento e a emoção do espectador contemporâneo”, o que vem de fato acontecendo desde a sua primeira temporada, em meados de 2006 no Rio de Janeiro, quando estreou numa pequena sala de 50 lugares e de lá seguiu para um teatro de 400 lugares, onde chegou a ficar em cartaz de terça a domingo. E dali ganhou o Brasil, em teatros de Norte a Sul do país.
A peça fechou seu primeiro ano em cena com três indicações ao Prêmio Eletrobrás de Teatro (melhor atriz, melhor peça e melhor figurino) e chegou ao segundo com duas indicações ao Prêmio Shell (melhor atriz e melhor figurino), tendo vencido na categoria de Melhor Atriz. Foi ainda contemplada em 2007 pelos Prêmios Caixa Cultural e Caravana Funarte de Circulação Nacional de Teatro, e em 2008 pelo Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Atriz.
Sobre a peça:
A peça desconstrói e reconstrói conceitos milenares da história da civilização – corpo e alma, certo e errado, traidor e traído, obediência e desobediência.
Sozinha no palco, Clarice Niskier está em contato direto com a platéia, sem fazer uso da chamada “quarta parede”. Para contar histórias e parábolas da tradição judaica, a atriz vale-se somente de uma cadeira panton preta e um grande pano preto que, concebido pela figurinista Kika Lopes, transforma-se em oito diferentes vestes – mantos, vestidos, burcas, véus. O espaço cênico concebido por Luis Martins é limpo e remete a um longo corredor em perspectiva.
Clarice optou por não trabalhar com uma direção teatral no sentido tradicional, mas com a supervisão de Amir Haddad, que já vem fazendo este trabalho com alguns atores. “Super-visão pode significar uma visão maior ou superior, capaz de desvendar coisa que outros olhos mortais não conseguiriam ver. Assim como o super-homem (citado no espetáculo) com sua visão de raio x. Mas também pode significar uma sobre-visão, uma visão de cima, das coisas que estão acontecendo. Por exemplo: ‘A terra é azul’ disse Gagarin, sobrevoando o planeta. O que eu faço com a Clarice, bela atriz, mulher corajosa, procurando o seu lugar, é tentar dar a ela a visão de quem está de fora, e às vezes de cima, para melhor poder entendê-la e orientá-la na manutenção de sua órbita. Me dá mais prazer observar e ajudar um ator no divino exercício do seu ofício do que inventar efeitos de som e luz e algumas marcações e depois anunciar: ‘o diretor’. Sonho com um ator dono do seu próprio texto e dessa maneira, capaz de iluminar o texto de outrem pelo embate de suas idéias.”, propõe Amir.
Classificação:
18 anos
Prêmios, números e mais:
Vencedora do Prêmio Shell RJ 2007 de Melhor Atriz
Mais de 450.000 espectadores
Apresentações em 24 cidades brasileiras
3 indicações ao Prêmio Eletrobrás de Teatro 2006
2 indicações ao Prêmio Shell RJ 2007 (melhor atriz e melhor figurino)
Prêmio Caixa Cultural 2007
Prêmio Caravana Funarte de Circulação Nacional de Teatro 2007
Prêmio Qualidade Brasil SP 2008 de Melhor Atriz
Projeto selecionado pelo FATE 2012 para Circulação no Município do Rio de Janeiro
Projeto selecionado pelo Edital Petrobras Circulação Nacional 2014 Teresina / Maceió
Ficha técnica:
Autor do livro “A Alma Imoral”: Nilton Bonder
Adaptação, Concepção Cênica e Interpretação: Clarice Niskier
Supervisão: Amir Haddad
Cenário: Luis Martins
Figurino: Kika Lopes
Iluminação: Aurélio de Simoni
Música Original: José Maria Braga
Preparação Vocal: Rose Gonçalves
Direção de Movimento: Márcia Feijó
Preparação Corporal: Mary Kunha
Fotos: Dalton Valério, Elenize Dezgeniski e Letícia Vinhas