Por Ana Borges
Há tempos não escrevia, mas esse momento me trouxe algumas reflexões. Como diria alguém especial: ¨Eu nunca imaginei viver pra ver isso .¨ Mas já vimos e passamos por tantas… Então o mundo para, e cenas de filmes se tornam fatos.
Uma mídia enlouquecida, pessoas em parafuso, talvez precisássemos desse “caos” mesmo, dessa parada ou dessa castração para evoluir (ou pelo menos tentar).
Inquieta com esse mundo, fico me perguntando, será que ninguém vê, um ser humano cada vez mais irascível, destruindo o planeta, empresas sem escrúpulos, mídia mais manipuladora do que nunca, onde íamos parar? Pois bem, paramos providencialmente, o planeta agradece com certeza.
Tenho cá minhas dúvidas se vamos evoluir ou não. Fato é que há certos vírus que continuarão nos matando das mais diversas formas, e que já habitam há milhares de anos o planeta.
Ah! Mas e as pessoas que morreram e morrerão? A morte faz parte da vida, e aqui não vou entrar em estatísticas, porque não gosto de estatística( mas não desprezo sua importância).
E agora José? Agora, nós resta encarar a nós mesmos, nossos conflitos, nossas angústias, nossas faltas ora tão tamponadas pela vida ou por suas distrações nos jogando pra fora de nós mesmos a cada segundo. Ainda tenho a doce ilusão que podemos realmente cair em si, melhorar nosso nível de consciência, de que viver é correr riscos, que precisamos entender o quão somos vulneráveis. E que mesmo em meio a tudo isso podemos criar, recriar, resinificar nossa vida.
Por incrível que pareça, um vírus foi capaz de zerar temporariamente, os assaltos, os acidentes, de deixar o ar mais limpo, a vida mais silenciosa, que oportunidade recebemos! Em plena quaresma, nos encontramos em quarentena para encontrar nosso divino e nosso inferno interno, façamos dessa reclusão um bom momento de reflexão, para poder sairmos um pouco melhores, quem sabe?
Um vírus tão invisível e tão visível… nos igualou nos enquadrou em nossa humanidade, ele foi preciso, cirúrgico, trazendo –nos um conceito interessante: “A castração significa que é preciso que o gozo seja recusado, para que possa ser atingido na escala do desejo.” J. Lacan
Recordei-me daquele clip antiguinho do Pearl Jean , Do the revolution. Só o amor, pode dar um jeito nessa história, ou melhor “ Só o amor pode fazer o gozo condescender ao desejo”. J.Lacan
Só o espírito do tempo irá nos mostrar as escolhas que faremos.