Com escolas fechadas, pais enfrentam desafios no retorno ao trabalho

Pais e mães estão com mais um desafio para encarar durante a pandemia do novo coronavírus no país: mesmo com a alta dos casos da doença, alguns estados já começaram a afrouxar as medidas de restrição do isolamento social e iniciam a retomada das atividades econômicas.

Redes de apoio virtuais podem ajudar enquanto as escolas não abrem

É o caso do estado de Santa Catarina, onde a liberação dos setores econômicos já vem ocorrendo desde abril: o último a ser retomado foi o transporte municipal e intermunicipal, mas está proibida a entrada de ônibus de outros estados e países até o dia 2 de agosto.

Mas o setor de educação continua fechado, assim como em outras regiões do país. Em Santa Catarina, a previsão é que as aulas presenciais nas redes privada e pública, nas esferas municipal, estadual e federal, no que se refere à educação infantil, fundamental e ensino médio, seguem suspensas até o dia 2 de agosto.

Enquanto o Centro de Educação Infantil (CEI), onde a pequena Lis, de 1 ano de idade, frequentava, continua fechado. A mãe dela, a escrevente de cartório Gabriela Costa, conta com a ajuda de uma tia, que foi de São Paulo para Barra Velha, no interior catarinense, a fim de cuidar da sobrinha-neta.

“Tivemos que nos socorrer com uma tia minha, que é professora aposentada, de São Paulo, que está em casa desde março. Como sou natural de São Paulo e meu esposo de Florianópolis, e moramos em Barra Velha, então não temos nenhum familiar próximo, nós dois é que damos conta de tudo, e ainda trabalhamos de 8h às 18h”, disse Gabriela .

No dia 18 de março o cartório onde trabalho fechou durante sete dias. Depois passou a trabalhar com atendimento online, e, no início de abril voltou  a atender presencialmente com restrições. “Já o meu marido, que trabalha na área de telecomunicações (TI), não parou nenhum dia”, acrescentou.

A escrevente não sabe como será a situação com a filha se a creche não abrir em agosto. “Minha tia vai embora para São Paulo no início de julho porque pegarei minhas férias, depois disso não sei como farei, ainda estamos pensando. É uma situação de fato muito complicado, onde todos estão trabalhando e as escolas fechadas, é uma conta que não fecha”, lamenta Gabriela.

Risco na volta ao trabalho

O segurança Luciano Souza Santos, de São Paulo, disse que desde que entrou em isolamento social, em março, tem brincado muito com a filha Laura, de 3 anos. Ele sabe o nome de todas as bonecas, brinca de casinha, e cuida da casa e das refeições, pois a esposa, Eliane Neres, não parou de trabalhar. Ela é empregada doméstica em uma residência próxima à casa em que moram na zona leste da cidade de São Paulo.

Mesmo sem data, Luciano já teme o retorno ao trabalho, um colégio da zona oeste paulistana. “Acho que vai ser difícil por causa do contágio, a gente que tem criança fica preocupado na parte da volta para casa. Vamos ver como será, ainda não temos ideia de quando os alunos retornarão para o colégio”, disse.

Laura começaria na escola este ano, mas não deu tempo nem de fazer a matrícula. Assim, a rotina da família vai voltar ao que era antes da pandemia, a garota vai ter que ficar com a mãe no trabalho.  A sorte, diz Eliane, é que o local onde trabalha é perto de sua residência e não precisa usar o transporte público. “Ainda bem que levo apenas 10 minutos para chegar ao trabalho. Vou trazê-la com um pouco de receio, mas, tomando o maior cuidado, com álcool gel e usando máscara”.

Em São Paulo, o retorno às aulas presenciais, ainda sem data marcada, será de forma gradual. Segundo o secretário executivo da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, Haroldo Rocha, as aulas voltarão em fases, combinadas com as [cinco] fases do Plano São Paulo [plano do governo estadual de retomada das atividades econômicas]. “A ideia é que a gente volte com 20% [de presença] dos alunos no primeiro momento; no segundo momento, com 50% dos alunos; e, na fase final, com 100% dos alunos”, disse.

Redes de apoio virtuais

Enquanto as escolas de creches não abrem, mães e pais podem contar com as redes de apoio virtuais e rodas de conversas. Uma delas é a Health tech Theia, primeira plataforma digital do Brasil que oferece uma rede apoio inédita para as necessidades das famílias. Quem quiser conhecer pode testar a plataforma gratuitamente por uma semana. Para fazer parte da lista de espera: https://theia.com.br/convite.

“É uma forma de contribuir em um momento em que muita gente se vê perdida novamente, já que as escolas permanecem de portas fechadas. Aqui, eles podem contar com ajuda na organização de rotina, educação dos filhos (como fazer combinados, como lidar com ensino a distância, como fazer filhos respeitarem horário de trabalho, sugestões de atividades etc), saúde mental e física, entre outros cuidados, e não precisam passar sozinhos por essa jornada”, diz a cofundadora da Theia, Flavia Deutsch Gotfryd, que é mãe de dois meninos.

A plataforma conecta pais e mães a uma rede de profissionais especializados de maneira intuitiva e digital. Contam com pediatra, psicólogo, pedagogo, ginecologista, nutricionista, coaching em carreira, especialista em aleitamento materno e terapeuta do sono, bem como educação parental por vídeo e chat, e usam resultados reais para aprender e simplificar a jornada desses pais.

A rede de apoio virtual funciona 24 horas por dia, de segunda à sábado e o atendimento é feito por chat e videoconferência. A startup  garante o sigilo das informações.

A atendente de clínica Manoela Bento, mãe do Airton Davi, de pouco mais de 1 ano de idade, e Arthur Levi, de 2 meses, tem usado a plataforma. “Meu segundo filho nasceu durante a pandemia da covid-19 e a Theia tem sido minha parceira. Primeiro na volta da licença maternidade e agora durante o puerpério e dia a dia dessa mamãe de dois nesses tempos tão sombrios. Juntos, passaremos por tudo isso”.

Rodas de conversas

A volta à rotina de trabalho pode ser cercada de medo, como relatou o segurança Luciano. Porém, saber que não é o único a lidar com estes sentimentos pode ajudar. Os cuidados devem ir além do uso de máscaras e álcool gel, o apoio emocional também é importante e isso pode ser vivido numa roda de conversa.

De forma gratuita, a  ONG Somos Mães, promove mensalmente rodas de conversas para acolher pessoas interessadas em exercitar este sentimento que a nova situação requer.

“Todo mês temos pelo menos quatro rodas abertas, sem custo algum para o participante. As rodas são um espaço de segurança emocional e temos sido assertivas, facilitando a passagem por esse momento que vivemos a quem se propõe a estar conosco. Tem sido muito especial, quem vem uma vez sempre volta”, disse uma das facilitadoras das rodas, Anne  Bertoli.

A agenda social é divulgada na rede social das Somos Mães (@somosmaesevoce) e para se inscrever basta enviar uma mensagem de solicitação inbox. As rodas de conversa são online, com duração de uma hora e meia e são divididas em grupos de aproximadamente 20 pessoas. A próxima acontece no dia 25 de junho, às 21h, com o tema Roda de Empatia. O encontro será pelo  aplicativo Zoom da Somos Mães e o convite pode ser solicitado pelo Whatsapp (11) 98954-3025.

Sandra Piscitelli

Nascida em 13 de novembro no bairro da Tijuca, cidade do Rio de Janeiro. A carioca estudou no Colégio Metropolitano na zona norte do Rio, formada em licenciatura em matemática pela UFRJ, Tecnólogo em informática e atualmente é mestre em Educação Matemática pela Universidade Federal de Juiz de Fora, se dedica à vida acadêmica. Estudando marketing de rede e publicidade pela UFF (Universidade Federal Fluminense). Diretora executiva da empresa Piscitelli Entretenimentos e diretora do site de publicidade piscitellientretenimentos.com. Amante da poesia!

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