Foto Cicero Rodrigues
Aos 13 anos de idade, a jovem pianista Linda Bustani venceu, pela primeira vez, o Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica Brasileira. No ano seguinte, aos 14, ela repetiu o feito e, desde então, nunca mais deixou de caminhar ao lado da OSB. Musicista de carreira internacional, esteve sempre presente nas temporadas da orquestra. Agora, mais um capítulo dessa história tão interligada será escrito: Para celebrar seus 70 anos de idade (comemorados em junho), 60 anos de carreira, e volta aos palcos depois do período de afastamento social imposto pela pandemia, Linda Bustani será a solista do concerto que a OSB realizará na Sala Cecília Meireles, no dia 21 de outubro. No programa, o “Concerto para Piano nº 4, Op.58”, de Beethoven, e o “Concerto para Piano em Lá menor, Op.54”, de Schumann. A regência é do maestro convidado Roberto Tibiriçá.
Para a pianista, a comemoração de datas tão importantes não poderia ser de outra maneira: “Toda essa celebração só poderia ser com a OSB, orquestra com quem dividi toda a minha história; na Sala Cecília Meireles, espaço que sempre considerei ‘meu canto’, onde toquei desde pequena; e ao lado do meu grande amigo Roberto Tibiriçá. Não poderia estar mais perfeito!”, diz, entusiasmada. “Quem estiver lá, vai compartilhar comigo um dos momentos mais especiais da minha vida”, completa.
No programa desta noite tão especial, duas composições que marcaram a carreira de Linda Bustani: o Concerto em Lá Menor, Op. 54, de Robert Schumann, e o Concerto em Sol Maior, Op. 58, de Ludwig van Beethoven. De um lado, a serenidade espiritual da obra do mestre alemão; do outro o temperamento inquieto e enérgico do concerto de Schumann.
Concluído em 1806, o Concerto para Piano em Sol Maior é uma obra inovadora: quem faz a primeira entrada e expõe o tema é o piano, não a orquestra. Já nestes primeiros acordes se estabelece a aura espiritual em que todo o “Allegro moderato” vai se desenvolver. Em seguida, a orquestra faz sua aparição: surge iluminada do silêncio deixado pelo solista. O que se segue é um colóquio de alta voltagem poética entre eles. O “Andante” com moto é um dos mais extraordinários e concentrados movimentos lentos de Beethoven. O tom suplicante do piano e as respostas firmes das cordas traduzem a dor e o abatimento diante do homem diante do destino. A dimensão desoladora se amplia ainda mais com os expressivos trinados que encaminham o movimento para o fim. No inspirado “Rondó”, marcado Vivace, a atmosfera desolada se dissipa em genuína alegria. O caráter do movimento oscila entre momentos mais meditativos e outros de maior entusiasmo, mas jamais perde a força. O concerto termina com um final jubiloso e radiante.
O caráter apaixonado do Concerto para Piano em Lá Menor, de Schumann, tem garantido o lugar desta obra no cânone do repertório para piano e orquestra. O concerto surgiu em 1841, como uma fantasia em movimento único. Posteriormente, a pedido de sua esposa, Clara Schumann, o compositor acrescentaria outros dois movimentos. O “Allegro affettuoso” tem início com um exclamativo tutti orquestral, seguido por uma dramática sequência de acordes em ritmo pontuado no piano. Em seguida surge o tema principal e o concerto se desenvolve, alternando momentos de grande fôlego e passagens de puro lirismo. O “Intermezzo”, como no movimento lento do concerto de Beethoven, é um diálogo entre piano e orquestra. O devaneio deste curto e afável “Andantino Grazioso”, escrito em forma ternária simples aflui – sem pausas – para o “Allegro vivace”, efervescente e arrebatado. Neste movimento o virtuosismo é mais pronunciado e a música evolui cheia de brilhantismo e vigor, encerrando a obra em ares de alegria.
O evento será realizado respeitando todos os protocolos de segurança estabelecidos pelas autoridades sanitárias. O uso de máscaras é obrigatório e a capacidade de público é reduzida. De acordo com o Decreto Municipal nº 49.335, o acesso à Sala Cecília Meireles está condicionado à comprovação de vacinação contra a Covid-19.
A ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA:
Fundada em 1940, a Orquestra Sinfônica Brasileira é considerada um dos conjuntos sinfônicos mais importantes do país. Em seus 80 anos de trajetória ininterrupta, a OSB já realizou mais de cinco mil concertos e é reconhecida pelo pioneirismo de suas ações, tendo sido a primeira orquestra a realizar turnês pelo Brasil e exterior, apresentações ao ar livre e projetos de formação de plateia. Em abril de 2021, a Orquestra Sinfônica Brasileira foi registrada como patrimônio cultural imaterial da cidade do Rio de Janeiro.
Composta atualmente por mais de 70 músicos brasileiros e estrangeiros, a OSB contempla uma programação regular de concertos, apresentações especiais e ações educativas, além de um amplo projeto de responsabilidade social e democratização de acesso à cultura.
Para viabilizar suas atividades, a Fundação conta com a Lei Federal de Incentivo à Cultura, tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor e a NTS – Nova Transportadora do Sudeste, como patrocinadora master e a Brookfield como patrocinadora, além de um conjunto de copatrocinadores e apoiadores culturais e institucionais.
SOBRE LINDA BUSTANI:
Linda Bustani é umas das mais destacadas pianistas da história do piano brasileiro. Seu repertório é composto por mais de 40 concertos para piano e orquestra, além de uma extensa lista de obras camerísticas e, naturalmente, para piano solo. Nascida em Rondônia, Linda mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro, onde foi uma brilhante aluna de Arnaldo Estrella e de Antônio Guedes Barbosa.
Premiada aos 15 anos no Concurso Internacional Vianna da Mota, em Lisboa, foi convidada por Iakov Zak para trabalhar sob sua orientação no Conservatório Tchaikovsky de Moscou, onde também foi aluna de Elisso Virsaladze. Ganhou prêmios em competições internacionais no Rio de Janeiro e em Bratislava, mas foi sua aclamada participação no Concurso Internacional de Leeds, em 1974, que lançou sua carreira internacional.
Seguiu-se uma série de concertos e recitais em Portugal, Holanda, Bélgica, República Tcheca, Hungria, Rússia, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e também na América Latina. Apresentou-se com orquestras como a Concertgebouw, New Philharmonia, Bournemouth Symphony, City of Birmingham Symphony, Royal Liverpool Philharmonic, BBC Welsh, BBC Scottish, Hallé e Bratislava Symphony, sob a direção de maestros como Simon Rattle, Charles Groves, William Tausky, Anatoli Fistoulari, Louis Frémaux, Okko Kamu, Gunther Herbig, John Neschling, Isaac Karabtchevsky, Eleazar de Carvalho, Roberto Duarte, Henrique Morelenbaum, Alceo Bocchino, Roberto Tibiriçá e Lígia Amadio.
No início dos anos 1980, após uma exaustiva turnê de recitais pela Europa, Linda decidiu fazer uma longa pausa dos palcos para se dedicar à família, ao ensino da música e, sobretudo, ao seu próprio crescimento pessoal. Quando retornou às salas de concerto, suas performances revelavam uma metamorfose: Linda era agora uma intérprete mais madura, autocrítica e investigativa. Desde então, sua intensa carreira de concertista segue ininterrupta. Em 2003, foi recipiente do Prêmio Carlos Gomes – o mais prestigioso prêmio musical do Brasil – na categoria “Melhor Pianista do Ano”.
No ano de 2016, fez a première brasileira do desafiador Concerto para Mão Esquerda de Sergei Prokofiev, acompanhada da Orquestra Petrobras Sinfônica. No mesmo ano, formou com os amigos David Chew, Michel Bessler e Bernardo Fantini o quarteto Lindarte. Em 2020, Linda foi homenageada com um concurso que levou o seu nome, o Linda Bustani International Piano Competition, no qual também participou do júri.
SOBRE O MAESTRO ROBERTO TIBIRIÇÁ:
Roberto Tibiriçá recebeu orientações de Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Dinorah de Carvalho, Nelson Freire e Gilberto Tinetti. Foi discípulo do maestro Eleazar de Carvalho, com quem teve a oportunidade de trabalhar durante 18 anos, depois de ter vencido o Concurso para Jovens Regentes da OSESP em duas edições seguidas. Ocupou o cargo de Regente Assistente no Teatro Nacional de S. Carlos (Lisboa/Portugal) e em 1994 tornou-se Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Sinfônica Brasileira. Entre 2000 e 2004 foi Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Petrobrás Sinfônica e, entre 2005 e 2011, Diretor Artístico da Sinfônica Heliópolis, do Instituto Baccarelli. Em 2010 assumiu como Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde permaneceu até 2013. Foi também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Campinas, da Orquestra Filarmônica de São Bernardo do Campo e da Orquestra Sinfônica do SODRE (Montevidéu/Uruguai). No Rio de Janeiro, foi eleito pela crítica como o Músico do Ano de 1995 e recebeu, neste estado, o Prêmio Estácio de Sá, por seu trabalho à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Participou por duas vezes do Festival Martha Argerich, no Teatro Colón em Buenos Aires, a convite da própria artista em 2001 e 2004. Há alguns anos é convidado para o Festival Villa-Lobos, na Venezuela, regendo concertos com a Orquestra Simón Bolívar. Recebeu, em 2010 e 2011, o XIII e o XIV Prêmio Carlos Gomes como Melhor Regente Sinfônico, por seu trabalho com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e a Sinfônica Heliópolis. Recebeu ainda, em 2011, a Ordem do Ipiranga, a mais alta honraria do Estado de São Paulo, a Grande Medalha Presidente Juscelino Kubitschek, outorgada pelo Governo de Minas Gerais e o Prêmio Associação Paulista de Críticos de Artes – APCA – como Melhor Regente, por sua atuação na Sinfônica Heliópolis e na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
Ocupa a Cadeira Nº 5 na Academia Brasileira de Música e é Membro Honorário da Academia Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Em 2020, realizou, com a OSESP, a estreia mundial da ópera “Cartas Portuguesas”, do compositor brasileiro João Guilherme Ripper, e gravou para o selo NAXUS os Choros para Clarinete, Piano, Viola, Violoncelo e a peça Flor de Tremembé, de Camargo Guarnieri.
Saiba mais em:
facebook.com/orquestrasinfonicabrasileira
youtube.com/sinfonicabrasileira
Instagram: @osbrasileira
PROGRAMA:
Ludwig van BEETHOVEEN – Concerto para Piano nº 4, em Sil Maior, Op.58
- Allegro moderato | II. Andante con moto | III. Rondo (Vivace)
Robert SCHUMANN – Concerto para Piano em Lá menor, Op.54
- Allegro affettuoso | II. Intermezzo – Andantino grazioso | III. Allegro vivace
SERVIÇO:
OSB – 70 Anos Linda Bustani
Roberto Tibiriçá, regência
Linda Bustani, piano
Dia 21 de outubro de 2021 (quinta-feira), às 19h
Local: Sala Cecília Meireles (Rua da Lapa, 47 – Centro, Rio de Janeiro)
Ingressos: R$ 40,00 (R$20,00 meia)
À venda na bilheteria da Sala e no site Sympla